Oi, gente!
Andei meio sumida daqui, e depois de praticamente um ano, cá estou eu de volta, pra ressucitar esse site. Desde o ano passado, tinha pensado em várias coisas que dariam pra fazer bons posts pra cá, mas acabei perdendo o timing, além de estar atolada de coisa pra dar conta. Basicamente carga horária de trabalho que triplicou, graças a convocação no concurso público da Secretaria de Educação daqui do Rio Grande do Norte, MAIS mestrado todo fim de semana. Ambas excelentes coisas e conquistas de 2019 pra mim, mas por causa disso tive que deixar algumas coisas de lado, esse site sendo uma delas. E contar uma coisa pra vocês: fazer mestrado é uma loucura. E é por conta da loucura do mestrado que tô voltando a escrever aqui.
Como tem na bio desse site, eu faço mestrado em Inovação com Tecnologias Educacionais, pelo PPgITE, vinculado ao Instituto Metrópole Digital, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com o passar do tempo, o meu projeto virou de ponta cabeça e hoje estou trabalhando com aquisição de linguagem pela criança surda. Por fazer um mestrado profissional, que normalmente traz consigo a necessidade de um produto no final do processo (uma metodologia, um e-book, um conjunto de sequências didáticas, um software, e claro, a dissertação), tive que dedicar esforços para pensar em fazer algo que fosse de fato inovador para esse viés que agora estudo. Para tanto, a minha orientadora, Flávia Roldan Viana foi essencial para pensar no que fazer, de forma macro.
No meu caso, meu produto - além da dissertação - será um software educativo para auxiliar crianças surdas a adquirir linguagem. Trabalhando nas duas frentes, juntando a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua Portuguesa na modalidade escrita, esse software tem como principal objetivo o ensino/autoaprendizado de vocabulário (sinais das palavras em Libras e palavras escritas em Português) por meio de atividades escritas e de associação. Para desenvolver esse software, além da questão da cultura surda, da aquisição da linguagem, do bilinguismo da Libras e da língua Portuguesa escrita, do ensino aprendizagem para esse público, foi necessário debruçar-me sobre as necessidades desse tipo tão específico de usuário.
Pensar sobre as necessidades, tanto de aprendizagem, quanto de features que este software deve possuir, considerando as exigências para esse público e esse processo de aquisição de linguagem que desejo facilitar, tem sido uma reflexão e tanto, e essa é a segunda mensagem que quero deixar aqui (além de que fazer mestrado é uma loucura). Pensar no usuário, no meu caso, nas atividades, em como elas vão facilitar a aquisição de linguagem para a criança surda, em um contexto favorável, conhecido, para a aprendizagem, tudo isso é essencial para construir algo com valor para o usuário final. Essa reflexão é fundamental para que o software possa entregar de fato um valor para a quem ele se propõe ajudar.
Além disso, para a academia, não se considera o “simples” desenvolvimento de um software ciência. Para a minha metodologia, a nível de dissertação, estamos trabalhando com Design Science Research, uma abordagem epistemológica que tem um ciclo para funcionar. Essa abordagem traz a cientificidade com esse ciclo, como observado abaixo.
Ciclo regulador de Wieringa (2009)
De acordo com esse ciclo, primeiro, deve-se investigar o problema, o que tenho feito depois de bastante leitura sobre os tópicos mencionados, de ver softwares para aquisição de linguagem com Libras e Português escrito para surdos. Essa investigação traz a base teórica e científica do porquê estamos fazendo isso, e a razão de fazermos como fazemos. Após essa ponderação, se vem para o projeto das soluções, que são baseadas em toda a evidência científica que já se pode encontrar.
E é sobre a projeção das soluções que irei escrever no próximo post! Pra esse primeiro, queria trazer a mensagem de que se há muito a pensar antes de escrever uma linha de código sequer e que, pensando num contexto acadêmico e científico, é necessário fundamentar o nosso software, conhecendo e analisando o que já foi feito, para saber quais características eu desejo que meu software tenha. Desenvolver software não é só codar. Desenvolver software educativo menos ainda.
PS: escrever esses posts também me ajudam a organizar as ideias na cabeça e a alinhar meu discurso direitinho, já que a linguagem daqui não tem a formalidade da que vai estar na dissertação haha. Foi uma forma de poder compartilhar esse processo, e fazer uma autoreflexão sobre, com autorregulação.
Referência
WIERINGA, R. Design science as nested problem solving. New York: ACM, 2009.