Examente um mês depois do meu primeiro dia na PyCon, vim (tentar) preparar um post pra falar sobre esse evento. Foi a minha primeira conferência internacional, a maior que já fui, e queria deixar aqui alguns comentários sobre os pontos altos da conferência pra mim.
O evento é E-N-O-R-M-E! Em média 3500 pessoas se reunem anualmente no maior evento de Python do mundo. Literalmente vemos pessoas dos quatro cantos do planeta. É de uma diversidade incrível. Esse ano, nos reunimos em Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos, para este encontro.
Nos dois primeiros dias de PyCon acontecem os tutoriais. Eles são pagos à parte, por fora do valor do ingresso, e esse ano custaram 150 dólares cada. Além destes que são pagos, também tem os tutoriais oferecidos pelos patrocinadores. O que participei era patrocinado pela Microsoft, e pude ter um vislumbre de alguns dos seus serviços, como o Azure. Aprendi um pouco sobre como usar essa ferramenta e associá-la a um algortimo de machine learning. Eles (o pessoal da Micrsoft) prepararam toda a infraestrutura pro tutorial (que foi finalizada algumas horas depois que o tuto terminou) e tivemos acesso a muita coisa que só teríamos se pagássemos para usar. Deu pra aproveitar, mas foi bem vender o jabá. Não acho errado rs.
Uma das coisas que sentimos na PyCon é FOMO, que seria medo de estar perdendo algo que tá rolando (em tradução livre minha). Tive que ver como dividir o meu tempo pra ir em tudo da PyCon que eu queria participar. Organização não é bem o meu forte, mas semanas antes da conferência, dei uma olhada na grade de palestras e vi o que eu queria ver, que é quase um ritual quando vou pra alguma conferência. E esse foi o meu primeiro erro.
A PyCon tem dezenas de palestras que a gente quer ver, e é impossível se dividir e ir em todas. Claro que a gente quer ver ao vivo pessoas que só seguimos no Twitter e ouvir o que elas tem a dizer, mas uma das melhores coisas da PyCon é que, normalmente, as palestras estão lá no canal deles no YouTube em questão de dias (às vezes em menos de 24 horas). Entre as que gostei mais, que pude ver ao vivo, destaco as seguintes:
- Advanced asyncio: Solving Real-world Production Problems, pra ir além do shallow em asyncio, da Lynn Root
- Don’t be a robot, build the bot sobre como foram construídos bots pra ajudar no workflow no GitHub dos core developers do Python, pela Mariatta
- Eita! Why Internationalization and Localization matter falando da importância de internacionalização e localização no código das suas aplicações, pela Nicolle Cysneiros
Além das palestras, queria destacar a PyCon Charlas, uma trilha de palestras toda em Espanhol. Foi ótimo, cheio de boas palestras, e lá pude conhecer pessoas maravilhosas que são de vários países latinoamericanos. Essa foi uma das grandes sacadas da PyCon, tornar acessível conteúdo em um outro idioma além do inglês. Dessas, destaco:
- Palestra sobre o AfroPython, movimento de empoderamento negro na comunidade Python, pelo Felipe de Morais
- Palestra sobre programação para jornalistas, da Judite Cypreste
- Palestra sobre como pintar o caos com Python, que passou por modelos da natureza, fractais e foi muito legal, pela Isabel Buriticá
Um dos maiores destaques da PyCon são os Open Spaces. São salas em que as pessoas se inscrevem e podem ser hosts de um evento tipo um MeetUp por uma hora. Tem de tudo, literalmente de tudo: conversas sobre saúde mental, até oficina de Yoga teve. E foi nesse espaço que realizei minha atividade na PyCon.
Me reuni com cerca de outras 20 pessoas para conversar sobre o PyLadies. Tinhamos PyLadies dos 4 cantos do planetas, entusiastas, pessoas que queriam conhecer mais sobre o grupo. Foi muito enriquecedor poder conversar com todas aquelas mulheres que estavam super dispostas a compartilhar suas experiências, suas frustrações e angústias sobre vários aspectos em botar uma comunidade pra frente. Conversamos bastante sobre como conseguir espaço para MeetUps, como construir uma rede de patrocinadores para eventos, pequenos e grandes, e sobre os desafios de mensurar o impacto que nossas ações causam. O registro desse momento ficou na foto/tweet abaixo :3
Fora o Open Space que fui host, ainda teve palestrinha rs. Com um susto (entendores entenderão), dei uma lightning talk - vídeo aqui - sobre as ações que temos feito no PyLadies Brasil. Não sei nem como descrever a sensação de estar num palco tão grande e falar desse projeto que tem me mudado tanto. Foi maravilhoso ver as pessoas se engajarem e ficarem impressionadas com o que temos feito nesse país continental que é o Brasil.
Ter participado da PyCon esse ano foi realmente um sonho realizado, daqueles que sem todo o apoio da comunidade Python, eu não teria conseguido ir. Ainda me pergunto se tudo isso aconteceu, se eu conheci todas essas pessoas maravilhosas e se passei esses dias todos em Cleveland. Ver as fotos me trazem nostalgia e a vontade de, quem sabe, voltar para mais uma PyCon :)
PS: caso tenham alguma dúvida sobre o evento que eu possa ajudar, só entrar em contato.